A Decisão
Terminada a instrução primária no Posto Escolar da
Fonte Figueira - Torre e Cercas, havia duas saídas: ou seguia a via do trabalho,
aos 12 anos, ao lado do meu pai, nas diversas atividades a que ele se dedicava, esta era a opção que mais lhe agradava, analfabeto, dava-lhe muito jeito ter
consigo a ajudá-lo, um filho que sabia ler, escrever e fazer contas, artes que
ele não dominava no papel, ou seguir a via dos estudos, opção mais do agrado
da minha mãe que trabalhava na cidade como operária corticeira, na fábrica do
Inglês, tinha contacto com a população citadina, a sua visão do mundo era
diferente e queria dar um "curso" ao filho, como ela sempre dizia.
Porta
de entrada e de saída
Nesta luta, não pelo poder, mas pela razão, quase
sempre a minha mãe ganhava e o meu pai mesmo, algumas vezes, não convencido
totalmente, concordava. Foi o que aconteceu nesta situação e ficou decidido que
eu iria para a escola "industrial" como ela lhe chamava.
Procura de casa para morar
Outra situação que afligia a minha mãe: era a
distância da minha casa para a escola, ela própria começou a envidar esforços
junto das colegas e amigas que com ela trabalhavam, para adquirir casa o mais
perto possível da escola. Foi assim que os meus pais compraram uma casa no
Monte Branco, a pouco mais de um quilómetro da escola.
Casa
no Monte Branco, já um pouco degradada
Entrada para a Escola Industrial e
Comercial de Silves
Em 1959 tive o privilégio de entrar no ano da
inauguração, para a Escola Industrial e Comercial de Silves, no Ciclo
Preparatório, depois de ter ultrapassado o exame de admissão que efetuei, ainda,
na escola velha. A passagem pela escola teve altos e baixos, com curvas e
contracurvas, mas sem despiste fatal, tendo chegado ao fim.
Escola
Industrial e Comercial de Silves, atual Escola Secundária
Toda a minha juventude ficou marcada, por esta
passagem, pela EIC de Silves, irei continuar estas memórias, e como não poderia
deixar de ser, os professores também serão contemplados. A próxima versará o
tema: "Os professores: excelentes, péssimos, os que "cumpriam"
e os que não tinham jeito para "aquilo"."
Ao longo deste conjunto de memórias que me proponho
escrever, homenagearei alguns amigos e companheiros, fora e dentro da escola e
ainda alguns professores.
F. Santos - Memórias da Juventude
5 de fevereiro de 2019