Jorge Humberto pertenceu à família do Batalhão de
Caçadores 2872, que
cumpriu serviço militar em Angola, de maio de 1969 a junho de 1971
Jorge Humberto
Jorge Humberto
Jorge Humberto teve, no entanto, a sua maior
visibilidade, primeiro como jogador da Associação Académica de Coimbra, onde jogou
por duas ocasiões, aos 17 anos vindo do Mindelo, ilha de S. Vicente, Cabo
Verde, onde nasceu a 17 de fevereiro de 1938, tendo protagonizado um
acontecimento, impensável para a época, a transferência para um colosso
italiano, o Inter de Milão.
Tempos de infância e juventude
Jorge Humberto Gomes Nobre de Morais, fez os estudos
do ensino primário e concluiu o ensino secundário no Liceu Gil Eanes, no
Mindelo. Antes de rumar a Portugal, aos 17 anos, para vestir as cores da
Académica de Coimbra, ainda representou, em Cabo Verde, a Académica do Mindelo,
7ª filial da "Briosa".
Primeiros
tempos em Coimbra
Em outubro de 1955, foi o ano em que veio para
Portugal para estudar na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. Ao
mesmo tempo e por orientação do mestre Cândido de Oliveira, treinador da equipa
principal, prosseguiu a sua carreira de futebolista nos juniores. Estreou-se
contra o União de Coimbra, jogo que a equipa academista venceu por 3 bolas sem
resposta, com hattrick do
Mindelense. Não podia ter corrido melhor a estreia.
Em 1956, no jogo
contra o Olhanense, por ocasião da Tarde Desportiva da Queima das Fitas,
Cândido de Oliveira decidiu dar-lhe a oportunidade de se estrear na equipa
principal. Jogo marcado por uma lesão, quase no fim do jogo, que o retirou dos
campos durante 3 meses. Cumpriu ao serviço da equipa academista 5 épocas, até
1961.
Foto da equipa da Académica
Transferência
para o Cálcio de Itália
Em 1961, estava no último ano de medicina, até aí
tinha resistido à tentação de se tornar profissional de futebol, mas uma
proposta tentadora levou-o a assinar pelo Inter de Milão, tornando-se no segundo
jogador, com nacionalidade portuguesa, a jogar no estrangeiro. Em Itália as
coisas complicaram-se, porque a lei italiana só permitia a inscrição de dois
estrangeiros, ora a equipa italiana já tinha preenchido esse requisito com o
inglês Hitchens e por Suarez, o craque de nacionalidade espanhola.
Este problema foi resolvido com uma
"estória" que levou à aquisição da nacionalidade italiana, essa
história contada num artigo de "A Bola":
"Um
jornalista espanhol de A «Marca» escreveria, divertidíssimo, que Helénio
Herrera se havia debruçado sobre a árvore genealógica de Jorge Humberto,
descobrindo que o jogador era oriundo de emigrantes italianos, clandestinamente
saídos de Itália, em data imprecisa, para se radicarem em Portugal. Afinal, a
mentira tinha outro engenho. E no dia 25 de Agosto de 1961, Jorge Humberto
Gomes passou a cidadão italiano, com o nome de Giorgio Raggi, filho natural de
Vittorio Raggi, de 74 anos de idade, que declarou, sob juramento, ter conhecido
a mãe de Jorge Humberto, em Cabo Verde. A Giorgio Raggi foi passada a certidão
de idade 1865/56-15, que confirmava o nascimento de Jorge Humberto em Cormas de
Barlavento, Cabo Verde, a 17 de Fevereiro de 1939, na Rua dos Descobrimentos,
filho de pai incógnito e de Maria Antónia Gomes, 28 anos de idade, solteira e
doméstica." Ver artigo de
"A Bola" em: http://www.abola.pt/publica/50anos
Regresso a Coimbra e à Académica
FADVOCAL_ Um breve apontamento musical na homenagem a JORGE HUMBERTO
F. Santos - Memórias de Angola
20 de fevereiro de 2018
O regresso a Coimbra ocorreu em 1964, voltando a
jogar na Académica até ser obrigado a ir prestar serviço militar em 1968. Foi
um período decisivo na sua vida, durante o qual finalmente conclui o curso de
Medicina, em 1966. Nesse ano, em 20 de fevereiro termina a sua ligação à Briosa
como jogador num jogo em casa mas em que o resultado foi o menos importante.
Conciliar os estudos com o futebol
Extrato da entrevista ao Jornal Record:
Extrato da entrevista ao Jornal Record:
"Sempre
fiz as duas coisas e, mesmo nas três épocas em Itália, fiz uma cadeira por ano.
Matriculei-me na Universidade de Milão onde fiz uma e, quando fui para o
Vicenza matriculei-me na de Pádua, onde fiz mais duas. Sempre quis manter vivos
os estudos porque a carreira de futebolista não dava para fazer o que fazia em
Coimbra. Quando voltei à Académica, em 1964, completei o que deixara para trás,
pois rumei a Itália com o quinto ano de Medicina incompleto. Fui conciliando
Medicina e futebol. Só após a lesão que me matou a carreira me voltei para a
outra via."
Serviço militar em Angola no Batalhão
de Caçadores 2872
Termina o curso de medicina em 1966 no mesmo ano em
que terminou a carreira de futebolista, 3 anos depois foi chamado para cumprir
o serviço militar.
Como todo o Batalhão embarcou, no Paquete Uíge, a 8
de maio de 1969, como alferes miliciano médico. Chegado a Luanda foi colocado
no Hospital Militar desta cidade, onde passou a residir. Com a transferência do
Batalhão para o Leste de Angola, Jorge Humberto, acompanhou os camaradas
militares desta unidade, ficando na sede do Batalhão no Lucusse, regressando a
Portugal a bordo do paquete Vera Cruz, em junho de1971.
'O tempo que
passou em Angola serviu também para ganhar prática médica. "Fiz aquilo que
era possível ser feito", admite Jorge Humberto, descrevendo vários casos
de ferimentos graves ou partos que teve de ajudar a realizar. Quando regressa a
Coimbra, em 1971, dedica-se à especialidade. Acaba por escolher Pediatria:
"Aquela que eu sempre quis." Termina-a em 1975. "Depois tive a
sorte de, terminada a especialidade, passados dois anos, abrir o Hospital
Pediátrico [de Coimbra]."'
Homenagem
prestada pela Associação Académica de Coimbra
A direção
Geral da Associação Académica de Coimbra e a Associação Académica de
Coimbra/OAF, com o apoio do Núcleo de
Veteranos, promoveu uma homenagem ao Dr. Jorge Humberto, antigo jogador da
Académica dos anos sessenta, durante o jogo Académica com o Vitória de Guimarães,
que se realizou no dia 25 de janeiro de
2009, num jogo que a equipa da casa venceu por 2-1. O antigo craque que tem uma
placa comemorativa no antigo campo de Santa Cruz e foi alvo de uma grande
ovação no intervalo da partida.
Jorge
Humberto, acompanhado por Pinto Ferreira e Adelino Brandão, ambos do B.Caç 2872
Jorge
Humberto e Pinto Ferreira
O pediatra de Macau Jorge Humberto, o primeiro português a atuar
no campeonato italiano, já havia sido homenageado pela casa de Portugal em
Macau, durante o jantar de Natal, quando recebeu duas simbólicas botas de ouro
- uma em tamanho real, e outra mais pequena, referência às crianças que tratou
durante todos estes anos.
FADVOCAL_ Um breve apontamento musical na homenagem a JORGE HUMBERTO
No dia 18 de Junho de 2009, realizou-se um
Jantar-Tertúlia na Casa da Académica em Lisboa para homenagear Jorge Humberto.
O Fadvocal associou-se a esta iniciativa e marcou presença.
Um agradecimento especial ao camarada ex-furriel
miliciano, Adelino Brandão, da CCS - Companhia de Comandos e Serviços, do Batalhão de Caçadores
2872, que facultou alguns textos de pesquisa e as fotos.
Fontes:
Público: https://www.publico.pt/2011/07/17/jornal/o-telefonema-que-mudou-a-vida-de-jorge-humberto-22450006
CMJornal: http://www.cmjornal.pt/desporto/detalhe/academica-da-vitoria-a-jorge-humberto.
Record: http://www.record.pt/futebol/futebol-nacional/2--liga/academica/detalhe/brioso-jorge-humberto-trocou-a-bola-pelas-criancas.html
F. Santos - Memórias de Angola
Tenho as melhores recordações do Dr. e Amigo Jorge Humberto até pelas consultas que fez à minha filha Sandra Neves (recém nascida e mais tarde nadadora olímpica) aquando da nossa estadia em Luanda.Abraço de Carlos Neves
ResponderEliminarAbraço Neves!
EliminarMas afinal ele era de Cabo Verde ou era de Macau ?
ResponderEliminarSe leu o artigo, facilmente chegará à conclusão que ele é de Cabo Verde. Esta pergunta não faz muito sentido.
EliminarPode ver nesta passagem: "Jorge Humberto teve, no entanto, a sua maior visibilidade, primeiro como jogador da Associação Académica de Coimbra, onde jogou por duas ocasiões, aos 17 anos vindo do Mindelo, ilha de S. Vicente, Cabo Verde, onde nasceu a 17 de fevereiro de 1938 ..."
EliminarRecordo-me que quando Jorge Humberto regressou à sua Académica não havia dinheiro para pagar a transferência e houve um movimento para ajudar a angariação de fundos, lembro-me de ver um cartaz aposto no antigo e desaparecido café Arcádia onde se reunia o Grupo os Teóricos do Arcádia. Por fim o Próprio Jorge Humberto pagou do seu bolso o que faltava para voltar a jogar na "Briosa", s é verdade não sei mas que a história correu na cidade é uma verdade. Para terminar lembro-me que o jogo de Regresso foi contra o Porto nas Antas com a vitória da Academica por 2X1 e Jorge Humberto marcou um golo
ResponderEliminarO Dr. Jorge Humberto, foi médico dos meus filhos em Luanda, no centro de saúde do Sindicato, junto á Igreja da Sagrada Família.
ResponderEliminarExcelente Pessoa
Foi médico do meu filho,,,Grande Senhor e bem me lembro dos jogos da AAC,, abraço forte e saúde 🍀
ResponderEliminarTenho 53 anos, nasci em Luanda e o Dr Jorge Humberto foi meu médico enquanto bebé. Também me chamo Jorge Humberto precisamente em honra do Dr Jorge Humberto pois o meu pai era seu admirador enquanto jogador de futebol. Naturalmente nunca me esquecerei do Dr Jorge Humberto e hoje sou e sempre serei simpatizante do Inter de Milão e da Briosa por sua causa dele e por causa do meu pai naturalmente.
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