quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Um mundo novo

A Decisão
Terminada a instrução primária no Posto Escolar da Fonte Figueira - Torre e Cercas, havia duas saídas: ou seguia a via do trabalho, aos 12 anos, ao lado do meu pai, nas diversas atividades a que ele se dedicava, esta era a opção que mais lhe agradava, analfabeto, dava-lhe muito jeito ter consigo a ajudá-lo, um filho que sabia ler, escrever e fazer contas, artes que ele não dominava no papel, ou seguir a via dos estudos, opção mais do agrado da minha mãe que trabalhava na cidade como operária corticeira, na fábrica do Inglês, tinha contacto com a população citadina, a sua visão do mundo era diferente e queria dar um "curso" ao filho, como ela sempre dizia.

Porta de entrada e de saída

Nesta luta, não pelo poder, mas pela razão, quase sempre a minha mãe ganhava e o meu pai mesmo, algumas vezes, não convencido totalmente, concordava. Foi o que aconteceu nesta situação e ficou decidido que eu iria para a escola "industrial" como ela lhe chamava.

Procura de casa para morar
Outra situação que afligia a minha mãe: era a distância da minha casa para a escola, ela própria começou a envidar esforços junto das colegas e amigas que com ela trabalhavam, para adquirir casa o mais perto possível da escola. Foi assim que os meus pais compraram uma casa no Monte Branco, a pouco mais de um quilómetro da escola.
 
 Casa no Monte Branco, já um pouco degradada

Entrada para a Escola Industrial e Comercial de Silves
Em 1959 tive o privilégio de entrar no ano da inauguração, para a Escola Industrial e Comercial de Silves, no Ciclo Preparatório, depois de ter ultrapassado o exame de admissão que efetuei, ainda, na escola velha. A passagem pela escola teve altos e baixos, com curvas e contracurvas, mas sem despiste fatal, tendo chegado ao fim.
 
 Escola Industrial e Comercial de Silves, atual Escola Secundária
 
Toda a minha juventude ficou marcada, por esta passagem, pela EIC de Silves, irei continuar estas memórias, e como não poderia deixar de ser, os professores também serão contemplados. A próxima versará o tema: "Os professores: excelentes, péssimos, os que "cumpriam" e os que não tinham jeito para "aquilo"."

Ao longo deste conjunto de memórias que me proponho escrever, homenagearei alguns amigos e companheiros, fora e dentro da escola e ainda alguns professores.

F. Santos - Memórias da Juventude
5 de fevereiro de 2019