Estávamos no Leste de Angola, na
estrada que nos levava do Luso a Gago Coutinho, mais propriamente junto ao rio
Canage, uma terra de ninguém, como era nosso apanágio, desde o início da comissão.
Éramos a Companhia de Caçadores 2505, a mal-amada, do Batalhão de Caçadores
2872.
Nas caçadas, muitas peripécias
aconteceram: desde o vagomestre ter ficado abandonado, sozinho, durante longo
tempo (testemunho já aqui contado em “uma
caçada que podia ter corrido mal…”;
desde o rebentamento duma mina, testemunho que espero que o camarada João Merca
venha a escrever sobre ele. Esta mina não se destinava a provocar estragos
naquela caçada, mas para uma operação de outra unidade que se desenrolaria na
semana seguinte (as consequências deste rebentamento foram: alguns feridos
ligeiros; um ferido grave que recuperou depois de 20 dias em coma, entre o
Hospital do Luso e o Hospital Militar de Luanda e por último o castigo de 5
dias de prisão para 1º sargento da companhia); desde de, apanhados em franco
delito, termos de dividir a caça com o comandante do Batalhão. Mas isso são
outras histórias.
Numa caçada, onde tivemos grande
sucesso, abatemos alguns gnus, vulgo “boi cavalo”, carregámos a caça num jipe
Wills. Depois de andar alguns quilómetros, devido ao “peso” da caça, mas para
mim depois de passados estes anos todos, pela falta de água no radiador,
começou a deitar fumo através do capot, que rapidamente se transformou numa
fumaça enorme, um nevoeiro, que parecia que emanava duma fogueira. Felizmente seguia nessa “missão” o 1º cabo
mecânico, que ficou ainda mais preocupado que os restantes membros de caça,
incluindo um 1º sargento e um ou dois furriéis. O cabo mecânico analisou a
situação que estava a acontecer, mas a solução não era fácil. Nisto apareceu
alguém do grupo, não faço ideia quem. Terá sido mesmo o cabo mecânico ou algum
condutor que seguia nesta missão, com uma solução milagrosa. A solução era:
mijarmos todos para o depósito do radiador. Esta solução, na falta de outra
melhor, foi aceite pelos graduados e foi passada à prática. Não sei se foi uma
boa solução, mas o jipe chegou até ao acampamento com todos os troféus de caça.
Já não me lembro, nem faço a mínima ideia, se pelos próprios meios ou se rebocado
pelo “burro do mato”.
F. Santos -Memórias de Angola
08 de agosto de 2020
Esta história, fêz-me vir à memória outra identica, também passada no leste, no parque da Cameia. Vou contar; Fomos caçar e, apenas com um Unimog e atrelado; uma secção (10 militares). Tal como na anterior, caçamos, entre outros um gnu enorme. Só que, ao tentar-mos metê-lo no atrelado, os nossos camaradas todos juntos, não tinham força para tal.Tivemos de arranjar forças e inventar para o trazer-mos até à companhia, mas não ficou lá.
ResponderEliminarEu também fui cabo mecanico nessa zona Alto muito não sei quantos elementos eram mas tinham que mijar muito para repor a falta de água.no sistema de referijacao
ResponderEliminarGostei e muito.
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