quinta-feira, 29 de novembro de 2018

O uso do bibe até aos 3 anos

(Como deixei de os usar...)

Na charneca de Torre e Cercas, os meninos e meninas, nos primeiros anos de vida, usavam um bibe, que era igual para ambos os sexos. Era uma peça de vestuário muito prática, principalmente para as mães e as avós.

Bibe unissexo de xadrez azuis

Noutros textos de memórias já falei da minha relação e admiração pelo meu tio Manel (Manuel Anselmo), que para mim era o meu grande exemplo. Talvez o exemplo não estivesse de acordo com o que seria aconselhável, mas era ele que sempre me apoiava, tanto nas coisas boas que eu fazia, como nas "trapalhadas" em que me metia, era nesse sentido o meu "porto de abrigo", o que ele dizia para mim era lei.

Até aos 3 anos eu andava sempre de bibe, nem o despia para dormir. Teria uns dois ou três, despia uns, vestia outros, que por sinal eram todos iguais. De calças, só no inverno e mesmo assim com o bibe por cima, de calções com suspensórios só em dia de festa, quando tínhamos visitas, passeios a outras localidades, Monte Boi - São Bartolomeu de Messines, onde se situava a casa dos meus avós paternos, ou a Silves, cidade que raras vezes visitava.

Teria os meus 3 anos de idade, estava nessa ocasião fardado com o insubstituível bibe, nessa ocasião o meu tio visitou-nos, numa noite de fim de inverno ou princípio de primavera, para um de muitos serões que aconteciam na cozinha da minha avó. Sentei-me no colo dele, o meu primo que tinha quase 2 anos a mais do que eu, não devia gostar nada desta situação. Passemos à parte que mais interessa, diz-me o meu tio: "então já és um homem e ainda andas com bibes de meninas!"; - eu respondi: "a avó só me veste os bibes!" - a minha mãe que estava ali por perto, com ar de chateada interpela o meu tio: "mano, não digas essas coisas ao 'mecinhe'". O bibe já não era novo e na cintura tinha um buraquinho que cabia um dedo, então, ele aproveitou para me envenenar contra o bibe e em surdina diz-me: "olha! Quando saíres pedes para não te vestirem o bibe, se te vestirem, vês este buraquinho aqui, no caminho, metes o dedo aí e rasgas o bibe todo".

Passado algum tempo a minha avó foi lavar à ribeira, estava com pressa, vestiu-me com a "farda" habitual, eu bem refilei que queria ir de calções, mas ela nem tomou conhecimento e lá fui eu de bibe. Pelo caminho eu ia sempre atrás e resmungava que não queria o bibe, comecei a chorar, mas nada, ela ia impávida e serena, até que eu lembrei-me da receita do meu tio, apliquei-a tal e qual ele me aconselhou (sempre aprendi depressa), meti o dedo no buraquinho e foi tão fácil que ficou feito em dois. Aí chorei mesmo a sério, levei umas nalgadas no rabo e tive de ir até à ribeira "demplão" (todo nu) e voltei com outro bibe que entretanto foi lavado e enxugou enquanto a minha avó lavava o resto da roupa.

Talvez por eu fazer grandes "fitas" sempre que me vestiam com aquela indumentária, o certo é que esta estratégia do meu tio resultou. A partir dessa ocasião, ou pouco tempo depois, deixaram de me vestir aqueles bibes horríveis.

F. Santos - Memórias de infância
29 de novembro de 2018


quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Almoço de camaradas do Batalhão de Caçadores 2872 - Fuzileiros Barreiro - 30 de outubro de 2018

Realizou-se mais um almoço de camaradas de armas do Batalhão de Caçadores 2872, no restaurante da Associação de Fuzileiros, Barreiro, a 30 de outubro de 2018.
Para recordar aqui fica um pequeno filme do acontecimento.



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