quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Uma história de estevas, com medronhos à mistura

Estava um dia lindo, final de outono, início do inverno, um dia maravilhoso para passear no campo. Nesse dia, logo de manhãzinha, a minha mãe amassou a farinha, para levedar e mais tarde cozer o pão, recomendou-me que fosse apanhar lenha para pôr o forno a aquecer.

Medronheiro

Desafiei um amigo para ir comigo à lenha, partimos, levámos uns baraços de sisal para apertar os molhos, começámos a subir a serra, passámos pela casa do Júlio, mais à frente pela casa dos irmãos Bravo, filhos do Lenine, estávamos já em plena serra. Antes de começar a apanhar as estevas (secas para arder melhor), encontrámos dentro do matagal, umas árvores rasteiras, tinham entre os ramos umas bolinhas amarelas / vermelhas alaranjadas. Experimentámos, gostámos e começámos a comer sem parar.

Campo de estevas

Pouco tempo depois, fomos acometidos de fortes dores de cabeça com tonturas e dores no estômago. Regressamos a casa, com grande dificuldade a meio da tarde, sem lenha nem baraços. Os meus pais estavam muito preocupados e agitados. O pão, bem quentinho, já estava no tabuleiro, porque a minha mãe pediu a um vizinho a lenha necessária para aquecer o forno. Eu e o meu amigo ficámos de cama, com o estômago inchado, até altas horas do dia seguinte.

F. Santos – Memórias da Juventude
27 de novembro de 2019