sábado, 23 de dezembro de 2017

Uma caçada que podia ter corrido mal...


Como sempre, quando caçávamos, estava na primeira linha, nunca perdia uma oportunidade de participar numa caçada.

Partimos do Canage, com um Unimog e um jipe (designado na gíria por cabra), em direção a uma planície frequentada por Gnus (conhecidos por bois/cavalos). Nessa planície encontramos uma manada num bebedouro, que se pôs em fuga ao aperceber-se da nossa presença, perseguimo-la com o jipe, e, pouco depois perdemos o contato com o Unimog, continuamos a perseguição, mas o terreno era ondulado e o jipe saltava com alguma violência, o que provocou o rompimento da lona dos assentos traseiros, onde ia sentado com o guia; na impossibilidade de continuar a perseguição, devido aos impactos com os ferros, pedi ao condutor, o J Inês, para parar a viatura, apeei-me, e fiquei junto duma moita, o Inês, o guia e outro camarada que não me lembro quem seria, continuaram até desaparecerem no horizonte (soube depois que o guia também saiu da viatura).

No princípio não fiquei preocupado, mas com o passar do tempo, o jipe não dava sinais de vida, não me recordo dos pensamentos que me passaram pela cabeça, mas seguramente tive noção exata, naquela tarde, que não regressaria ao aquartelamento, nem saberia sequer se alguma vez voltaria.

No silêncio daquela planície, foi com grande alívio que comecei a ouvir o barulho do motor, ainda sem ter a viatura à vista, até que comecei a ver a sua aproximação ao local onde me encontrava, traziam um exemplar da caça, que conseguiram abater, imagino a distância que percorreram, que nem ouvi o tiro disparado sobre o animal. Tudo isto terá demorado mais ou menos 2 horas.

De regresso, já na picada, reencontramos o Unimog com os restantes "caçadores" (não me recordo o nome de todos os ocupantes, mas eram alguns dos que estão na 1ª foto, que poderão ser identificados por outros camaradas nos comentários, que desejamos venham a aparecer).

A memória já não consegue registar tudo o que se passou, mas no último almoço da C. Caç. 2505, onde reencontrei o companheiro Inês, ele próprio, me disse que tinham andado perdidos, e que chegaram a pensar que não me conseguiam encontrar, depois de andarem às voltas, vislumbraram os sinais dos rodados do carro marcados no chão, seguiram-nos, foi assim, que conseguiram regressar

Foi desta maneira que terminou uma caçada que podia ter corrido mal… hoje, talvez, não pudesse testemunhar este acontecimento, ou teria outros desenvolvimentos para contar…



Fotos: F. Santos
F. Santos - Memórias de Angola 
sexta-feira, 7 de junho de 2013

PS. Apenas a 1ª foto diz respeito à caçada testemunhada, as outras 2, foram tiradas noutras caçadas.

1 comentário:

  1. Conheci toda essa zona, pois fui componente do Bat. Caç.770 C. Caç.769 secção de Transmissões. O comando estava no Zemba e minha companhia 769 no Mucondo onde chegamos a 13 de Maio de 1965 e fui integrado num pelotão comandado pelo alferes Anselmo Lazaro e aí permanecemos durante um mês onde conheci o então comandante sr. Tenente coronel Alves Pereira (Totobola), daí creio ter determinado o nome da referida ponte junto ao Dange. Angola 1965/67 . Catarino Praia

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