sábado, 23 de dezembro de 2017

Aniversário do Batalhão

Comemorações desportivas sob o signo do azar!!!


Cumprida a missão no Dange, regressamos a Luanda e instalámo-nos no Grafanil, onde nos ficou confiada a missão, como companhia integrante do Batalhão de Caçadores 2872, o patrulhamento dos bairros periféricos de Luanda; guarda à rede; escolta ao comboio de Catete; escolta a colunas de MVL para o norte e de vez em quando, o cerco aos referidos bairros, para deteção de movimentos do “inimigo” (voltaremos a este tema num novo testemunho).

Durante o tempo de permanência em Luanda, fizemos ainda uma intervenção de cerca de um mês em Nambuangongo e outra de 3 semanas nas margens do rio Zenza, até que chegámos ao 1º aniversário da nossa chegada a terras de Angola.

Cerimónia religiosa
O programa das festas, iniciou-se com uma missa matinal a cargo do nosso capelão, tenente João Araújo, a que não assistimos, mas não atribuímos a isso o que nos veio a acontecer mais tarde.

Um dos pontos altos eram as comemorações desportivas, com a realização dum torneio de futebol inter-batalhão, fizemos o primeiro jogo que ganhámos e passamos à final, onde íamos defrontar a equipa da CCS, que também tinha vencido o primeiro encontro.

Lance do encontro no jogo da final
No jogo da final, tudo nos correu mal, fomos goleados, por números que já não nos recordamos, mas pior do que isso, no decorrer do jogo, ao saltarmos a uma bola alta junto da nossa baliza, fomos embater, com a cabeça, num dos postes (os postes das balizas nessa época, eram de barrotes de madeira, com esquinas em forma de paralelepípedo), provocando-nos um corte, mais ou menos longo, que nos levou ao Hospital Militar de Luanda, acompanhou-nos nessa viagem o Furriel Miliciano Gabriel (chefe da enfermaria da nossa companhia).

Equipa de futebol da C.Caç 2505
 No Hospital Militar, fomos suturados com dezassete pontos (ainda temos do lado esquerdo da cabeça as marcas desse infortúnio), a anestesia à base de éter, não foi suficientemente eficaz, e, os últimos pontos, causaram-nos uma dor horrível, que tínhamos a sensação que nos arrancavam o couro cabeludo. De vez em quando o sargento enfermeiro, que fazia a cirurgia, perguntava se doía, mas como queríamos que aquilo terminasse o mais rapidamente possível, respondíamos abanando a cabeça que não. Finalmente terminou...
Hospital Militar de Luanda
Artista da rádio que abrilhantou a festa
Regressados ao Grafanil, e como não tomámos qualquer sedativo, as dores eram imensas, já não jantamos, nem conseguimos assistir ao ponto mais alto das comemorações, que constava de um espetáculo de variedades, como sempre abrilhantado pelas senhoras e meninas do Movimento Nacional Feminino, pensamos que com alguns artistas da “rádio”, isso já não presenciamos, mas a foto ao lado documenta.

Aerograma

Na ocasião terão sido distribuídos alguns quilos de aerogramas, também não assistimos a esta cerimónia nem sabemos se terá sido assim, era no entanto, o que acontecia nas visitas das senhoras/meninas do MNF.

Para nós, estas comemorações, já tinham terminado sob o signo do azar!!!

Fotografias: F. Santos e livro do Batalhão 2872

F. Santos - Memórias de Angola
quinta-feira, 7 de novembro de 2013

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