quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

Deslizando a alta velocidade pelo rápido!!!

O aquartelamento do Lungué-Bungo, estava situado do lado direito da estrada no sentido Luso, Gago Coutinho, em frente do Quimbo, a seguir à casa de habitação e comércio do Sr. Fonseca, que estava radicado em Angola havia muitos anos, onde vivia com uma angolana, depois de ter enviado a mulher e os filhos, a seguir ao início da Guerra Colonial, para Coimbra, de onde era natural.

Lungué-bungo - à direita a casa do sr. Fonseca antes do nosso aquartelamento, do lado esquerdo o Quimbo
Diariamente deslocávamo-nos ao rio onde havia uma ponte que ostentava uma placa (que não é a que está na foto), a distância da Ponte a Lisboa que estava inscrita nessa placa era de 9669 kms, de acordo com pesquisas que fizemos na Net. Muitos camaradas mergulhavam, para a água, da parte de cima do gradeamento, duma altura que deveria rondar entre os 10 e os 15 metros, aventura que não nos seduziu, talvez pelo perigo, talvez por medo, enfim não saltamos, muitos camaradas tentaram o sky, alguns com algum sucesso, nós não passamos dumas valentes quedas e desistimos antes de começar a deslizar, deslocámo-nos por vezes até à ilha onde petiscámos e bebíamos uma bebida, explosiva, por nós preparada, talvez devido à ingestão de tão precioso néctar, os camaradas fuzileiros, no regresso destruíam todas as hélices dos barcos, incluindo as de reserva, e como consequência tínhamos de vir ao sabor da corrente até à ponte.

Mas não é esta “estória” que lhes queria contar, mas duma “estória” da praia, que religiosamente frequentávamos.

Mergulhávamos a partir duma prancha que tinha sido construída na margem do rio, nadávamos, expúnhamo-nos ao sol a bronzear, e assim passávamos os dias. Num determinado dia nadámos até ao meio do rio e inadvertidamente deixámo-nos deslizar ao sabor da corrente e quando nos apercebemos, lutámos desesperadamente para regressar à margem, mas em vão a corrente já tinha tomado conta do nosso corpo e não tivemos outro remédio senão de nos deixar arrastar a grande velocidade, em desespero até nos precipitarmos no rápido (espécie de queda de água), e, caímos no remoinho que se encontrava no final, do qual nos livrámos, sem grande dificuldade. Passámos da sensação de desespero, a um espetacular bem estar, repetimos esta descida vezes sem conta, agora acompanhados de quase todos os camaradas que frequentavam a praia.

Desta maneira, passámos do medo, ao prazer da descida.

Ponte sobre o rio Lungué-bungo

Tratamento das fotos cedidas por M Pimenta: F Santos
F. Santos - Memórias de Angola 
quarta-feira, 4 de abril de 2012

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