Partimos para os Dembos, passámos pela Fazenda Maria
Fernanda, onde permanecemos alguns dias, continuamos a nossa caminhada em direção
ao nosso destino, passando pela Missão e chegámos finalmente ao Dange.
Instalámo-nos, inicialmente, junto à ponte. Mais tarde mudámo-nos para o
conforto das nossas magníficas instalações (ver foto).
Éramos “maçaricos”, tínhamos passado por uma experiência,
não muito agradável, na Fazenda Maria Fernanda, o nervosismo era muito. Num dos
primeiros dias de estadia no acampamento, a noite já ia longa, ouviu-se várias
rajadas de G3, partindo de um dos postos de vigia, que se encontrava próximo da
cozinha. Toda a gente se levantou em sobressalto, uns fardados, outros em
pijama, mas todos armados, e assim permanecemos durante toda a noite.
O sentinela justificava-se, tinha ouvido um grande ruído, pela
encosta acima, na sua opinião seriam os “turras” que vinham atacar o
acampamento.
Semanas mais tarde, um odor nauseabundo, vinha da encosta
onde tinha ocorrido o referido incidente, seguimos a pista, e deparámo-nos com
uma hiena em adiantado estado de decomposição. Estava desvendado o mistério,
não tinha sido apenas alucinação do vigia, o ruído existiu, a hiena que
provavelmente procurava restos de comida, teve azar.
F. Santos - Memórias de Angola
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
Na Fazenda Maria Fernanda em 1969 a dormir de pijama? Que luxo. Na Bela-Vista dormia-mos vestidos. Parece que houve mesmo guerras diferentes.
ResponderEliminarEm primeiro lugar não foi na Maria Fernanda! Em segundo lugar, não era proibido um camarada ter trazido um pijama para a guerra de Angola. Nesta situação até era um camarada que tinha paludismo e vestiu para se resguardar. Na minha companhia dependendo sítio onde estivemos e estivemos em muitos, sempre em tendas, desde o Norte ao Leste, foram dezenas, uns dormiam vestidos, outros em cuecas e alguns até nus. Portanto já aqui cada um fez a sua guerra. Mas enfim, nós recordamos esses tempos não para nos martirizarmos, nem para nos vangloriarmos...aqui não houve heróis, cumprimos um "dever" a que nos obrigaram...
EliminarParabéns!…a impressão que eu tenho é que certas pessoas não teem capacidade para entender a descrição de um fato ou uma historia e procuram nos detalhes algo que as desmereçam…o bom das histórias é acrescentar um pouco de “pimenta” aos fatos reais!….historias sem um pouco de imaginação são muito enfadonhas!..abraços !.ll
EliminarFazenda Maria Fernanda,na região dos Dembos, no norte de Angola, aí esteve a companhia 531 do Batalhão de Caç. 532 desde Outubro de 1963 a Outubro de 1964, fracas memórias dessa fazenda. Era praticamente o início da Guerra colonial. Um ex combatente do Bat.Caç,532
EliminarPassei la em 65 comp 747
EliminarTambem estive no Fortim do Dange em 1971, pois a historia que contam aconteceu com o meu pelotao junto ao rio Cuango e junto a fronteira com o Congo, por causa de um porco espinho passamos uma noite em claro, o sentinela viu o capim a mexer, mandou uma rajada, todo o quartel esteve de alerta e sempre que se mandava fogo para o estranho, o capim mexia, pela manha depois de controlar o local era um grande porco espinho cravado de balas
ResponderEliminarA minha história sendo real é mais caricata, em junho de 69 estava a minha c.cac 2528 a dar protecção à eng. nas matas do iculo aonde estavam a abrir uma picada para ligar a vila do Quiage ao rio dange, às tantas da noite deu-me vontade de ir à casa de banho (capim), então procurei um bom lugar por baixo do posto de vigia e onde largavam os restos do refeitório, até uma certa altura tudo bem o pior foi quando ouvi um restolhar no meio do capim que me chegava à cintura e aí não pensei duas vezes, calças para cima e toca a fugir; suponho que o que provocou o ruído terá feito o mesmo em sentido contrário , continuo sem saber.
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