Durante
o almoço de antigos alunos da Escola Primária da Fonte Figueira, o Gregorinho,
meu amigo de infância, recordou várias peripécias que aconteceram durante o
tempo em que frequentámos esta escola. Vou passar a contar uma dessas memórias.
Desta memória, sinceramente, não
me recordava: tínhamos brincado com outros colegas, até de noite, - aqui acho
que ele não exagera nada, porque isso acontecia frequentemente -, talvez
tivéssemos andado na labuta para construir algumas "barragens", ou
então tido outra brincadeira qualquer que nos entusiasmou. Regressávamos a casa
já era noite cerrada, estava um escuro que não nos deixava ver nada, nisto,
quando seguíamos pelo "carreiro" que nos conduzia até à casa dele, vislumbrámos
no valado em frente à casa dos irmãos Sequeira e da Isilda, umas luzinhas às
centenas, talvez aos milhares. O Gregorinho tinha ouvido umas
"estórias" de "Marcianos",
então, com a sua fértil imaginação, pensou que estaríamos perante uma invasão
da terra, por aqueles seres. Todo ele tremia de medo, imagino o que teria
acontecido se não tivesse a minha companhia. Eu não me terei preocupado muito,
porque esqueci de todo este episódio. Nestas situações rumava sempre até à casa
do meu tio Manuel Anselmo, pai do meu primo Vítor Simões, que ficava na encosta
em frente, como normalmente sempre acontecia. Certamente, ter-me-á feito
companhia até à minha casa, aproveitando também, para desfrutar de mais um serão
à lareira.
O Gregorinho diz que o pai se zangou
com ele por ter chegado tarde a casa e não ter ficado "convencido" com a
desculpa. Mas eu acho que ele apanhou, foi uma grande "sova"
(estou-me a vingar, Gregorinho, por teres denegrido a minha imagem na outra
memória!).
Terminada toda esta aventura, vamos lá saber o que eram todos aqueles "Marcianos”! Eram nem mais nem menos luzicus, também conhecidos por pirilampos, que inundavam os valados da charneca de Torre e Cercas, em algumas épocas do ano.
F. Santos – Memórias de Infância
16 de dezembro de 2019