A primeira lição / ou
começar a treinar os números.
Eu nunca tinha tido qualquer treino na arte de desenhar as letras e os números, como se costuma dizer, não sabia nada. Entre o material escolar, tinha um caderno de duas linhas, que servia para nos orientarmos no desenho dos números e das letras.
Neste primeiro dia a professora abeirou-se da minha carteira e pediu-me para tirar o caderno, o que fiz. Ela desenhou numa linha do caderno o número 1 (documentado no círculo da ilustração), com o primeiro traço a começar na primeira linha: foi o que ela me recomendou fazer; que tinha de ser assim; não me disse ou eu não "ouvi", que não podia ultrapassar a linha de baixo, concentrado que estava na linha onde deveria começar; que era para fazer até o fim da linha, isso eu percebi.
Não sei o que aconteceu, mas saiu uma obra parecida com esta da ilustração. Quando acabei, encostei-me para trás, contemplei a obra e até não me pareceu muito mal. Pergunta a professora: "Fernando já acabaste?"; eu que não era nem sou de muitas falas, abanei a cabeça que sim; ela vem até à minha carteira e diz: "mostra lá"; eu mostrei; diz ela com ar mais ou menos compreensivo: "mas não era para passar da linha de baixo"; olhei e de facto tinham quase todos ou todos transgredido.
Foi a minha primeira desilusão escolar!!!
Edifício
onde funcionou a escola (hoje está transformada em casa de habitação)
O
meu primeiro dia de aulas, 7 de outubro de 1954, pelas 9 horas da manhã, no posto
escolar da Fonte Figueira - Silves. Aqui iniciou-se, o que viria a ser, o meu
percurso académico, que não foi muito longe.
A minha mãe, operária corticeira (escolhedora), na Fábrica do Inglês, como não podia faltar, calhou ao meu pai, que trabalhava num pomar relativamente próximo, acompanhar-me até ao meu novo "posto de trabalho". Fomos os dois; pelo caminho deve ter feito imensas perguntas, que hoje já não me recordo; chegámos à Fonte Figueira onde se situava a escola e não o deixei sair dali enquanto não entrei; na véspera estava entusiasmado, mas na manhã desse dia, o entusiasmo esmoreceu e fui um pouco contrariado. A professora sentou-me numa carteira ao fundo da sala, antes do depósito da água, com outro aluno da 1ª classe, não me recordo quem, a memória leva-me até à Pedreira, onde moraria, mas não sei o porquê de estar ali na nossa escola, penso que não terá permanecido até ao fim do ano letivo.
A minha mãe, operária corticeira (escolhedora), na Fábrica do Inglês, como não podia faltar, calhou ao meu pai, que trabalhava num pomar relativamente próximo, acompanhar-me até ao meu novo "posto de trabalho". Fomos os dois; pelo caminho deve ter feito imensas perguntas, que hoje já não me recordo; chegámos à Fonte Figueira onde se situava a escola e não o deixei sair dali enquanto não entrei; na véspera estava entusiasmado, mas na manhã desse dia, o entusiasmo esmoreceu e fui um pouco contrariado. A professora sentou-me numa carteira ao fundo da sala, antes do depósito da água, com outro aluno da 1ª classe, não me recordo quem, a memória leva-me até à Pedreira, onde moraria, mas não sei o porquê de estar ali na nossa escola, penso que não terá permanecido até ao fim do ano letivo.
Eu nunca tinha tido qualquer treino na arte de desenhar as letras e os números, como se costuma dizer, não sabia nada. Entre o material escolar, tinha um caderno de duas linhas, que servia para nos orientarmos no desenho dos números e das letras.
Neste primeiro dia a professora abeirou-se da minha carteira e pediu-me para tirar o caderno, o que fiz. Ela desenhou numa linha do caderno o número 1 (documentado no círculo da ilustração), com o primeiro traço a começar na primeira linha: foi o que ela me recomendou fazer; que tinha de ser assim; não me disse ou eu não "ouvi", que não podia ultrapassar a linha de baixo, concentrado que estava na linha onde deveria começar; que era para fazer até o fim da linha, isso eu percebi.
Não sei o que aconteceu, mas saiu uma obra parecida com esta da ilustração. Quando acabei, encostei-me para trás, contemplei a obra e até não me pareceu muito mal. Pergunta a professora: "Fernando já acabaste?"; eu que não era nem sou de muitas falas, abanei a cabeça que sim; ela vem até à minha carteira e diz: "mostra lá"; eu mostrei; diz ela com ar mais ou menos compreensivo: "mas não era para passar da linha de baixo"; olhei e de facto tinham quase todos ou todos transgredido.
Foi a minha primeira desilusão escolar!!!
Obra
do primeiro dia de escola
F. Santos - Memórias de infância
2 de abril de 2018
Nada mal para o primeiro dia de escola e para quem ñ sabia nada. Acho óptimo trabalho, ñ foi nenhuma desilusão. ..
ResponderEliminarFicou perfeito por ser a primeira vez, parabéns!!! 👏👏👏👏
ResponderEliminar