Lefawn Hawk |
A,
Hoje
tentei encontrar-te para
te dizer que, apesar de estares de partida para Angola, o mais
importante dessa
viagem era o teu regresso a casa. Não te encontrei em nenhuma rua da
aldeia. Ao
início da noite, foste tu que vieste ter comigo e me disseste que o teu
embarque para a guerra era dali a dois dias, mas que tinhas de ir para
Lisboa
nessa noite. Ficámos, à minha porta, não sei quanto tempo, recebendo no
rosto a
luz das estrelas, sem dizer nada. A verdade é que não tínhamos o hábito
de conversarmos. Éramos hábeis no não dito, no toca e foge. Um dia, à
queima-roupa, perguntaste-me
gostas de alguém? Tratava-se, era bom de ver, de ganhares o jogo das
cadeiras, a
que gostávamos de jogar, ouvindo-me dizer: “sim, gosto de ti”. Ousei
segredar-te
ao ouvido: “sim”. “E tu?”. E, neste bailado, estávamos atentos para não
dar passos
em falso. Até porque os nossos encontros eram raros, breves e sempre
inesperados, mas muito divertidos.
Daí a instantes ias embora e
essa notícia era mesmo triste. Dois anos? Dois anos em Angola, disseste tu. E,
leve como um voo de ave, desapareceste em direção à tua casa. Aquilo que eu tinha
desejado, nunca iria acontecer: receber uma carta tua. Ainda assim, todas as manhãs,
à janela do meu quarto, esperava a chegada do carteiro. As cartas que trazia já
as tinha deixado para trás, e descendo a rua, desaparecia na última esquina,
sem deixar rasto. Leonor Santos
Que lindo 🥰
ResponderEliminarMuitos parabéns!!!!; maravilhoso!!!!🤗❤️ Prazer! Grata...Elsa Brígida
EliminarEu ainda não yinha namorado. Tive depois afilhados de guerra. Era engraçado receber os aerogramas e eles na guerra a pedirem para responder rápido, desejando saber noticias da nossa terra
EliminarFantástico, como tu o sabes fazer. Brincas com as palavras e colocas-lhe sentimentos. Beijinhos para vocês.
EliminarMelancólicas lembranças que tempo não apaga. Como era Como era prazeiroso receber de alguém uma palavra, não de conforto ou lamento, mas manter um elo estreito com alguém da nossa terra q nos falasse naturalmente e na mesma linguagem das coisas que não sabíamos.
EliminarBem aventurados esses corações pela solidariedade e amôr ao próximo.
Magnífico...
ResponderEliminarRevivendo, com mestria e arte, momentos indeléveis que nos martelam subconscientemnte.
ResponderEliminarNo Natal de 69 n'a Guinée-Bissau pensei enviar um Aérograma para.uma
ResponderEliminarAmiga mas não tive Coragem pois ainda faltava muito Tempo para o Regresso !!! Hoje vendo algumas Recordações eFotos encontre o que não Envei há 54 Anos.
Se por Acaso Ouvires nas Horas sem Hora passos Incertos passant lá Fora não Chores mas Antes SORRI pois Sou Eu que Vagueio Sózinho e à Custo
á Tua PROCURA .. BEIJO GRANDE
M. PEDROSA
Parece que ainda estamos a viver em 1969. Quando chegava o aerograma era uma alegria
ResponderEliminarMas de grane tristeza para os que lerpavam. Um abraço amigos. Estive com vocês no grafanil, de reforço á rede . Bat. Caç 1930.A. V.
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