O
aquartelamento do Lungué-Bungo, estava situado do lado direito da estrada no
sentido Luso, Gago Coutinho, em frente do Quimbo, a seguir à casa de habitação
e comércio do Sr. Fonseca, que estava radicado em Angola havia muitos anos,
onde vivia com uma angolana, depois de ter enviado a mulher e os filhos, a
seguir ao início da Guerra Colonial, para Coimbra, de onde era natural.
Lungué-bungo - à direita a casa do sr. Fonseca antes do nosso aquartelamento, do lado esquerdo o Quimbo |
Diariamente
deslocávamo-nos ao rio onde havia uma ponte que ostentava uma placa (que não é
a que está na foto), a distância da Ponte a Lisboa que estava inscrita nessa
placa era de 9669 kms, de acordo com pesquisas que fizemos na Net. Muitos
camaradas mergulhavam, para a água, da parte de cima do gradeamento, duma
altura que deveria rondar entre os 10 e os 15 metros, aventura que não nos
seduziu, talvez pelo perigo, talvez por medo, enfim não saltamos, muitos
camaradas tentaram o sky, alguns com algum sucesso, nós não passamos dumas
valentes quedas e desistimos antes de começar a deslizar, deslocámo-nos por
vezes até à ilha onde petiscámos e bebíamos uma bebida, explosiva, por nós
preparada, talvez devido à ingestão de tão precioso néctar, os camaradas
fuzileiros, no regresso destruíam todas as hélices dos barcos, incluindo as de
reserva, e como consequência tínhamos de vir ao sabor da corrente até à ponte.
Mas não é esta
“estória” que lhes queria contar, mas duma “estória” da praia, que religiosamente
frequentávamos.
Mergulhávamos
a partir duma prancha que tinha sido construída na margem do rio, nadávamos,
expúnhamo-nos ao sol a bronzear, e assim passávamos os dias. Num determinado
dia nadámos até ao meio do rio e inadvertidamente deixámo-nos deslizar ao sabor
da corrente e quando nos apercebemos, lutámos desesperadamente para regressar à
margem, mas em vão a corrente já tinha tomado conta do nosso corpo e não
tivemos outro remédio senão de nos deixar arrastar a grande velocidade, em
desespero até nos precipitarmos no rápido (espécie de queda de água), e, caímos
no remoinho que se encontrava no final, do qual nos livrámos, sem grande
dificuldade. Passámos da sensação de desespero, a um espetacular bem estar,
repetimos esta descida vezes sem conta, agora acompanhados de quase todos os
camaradas que frequentavam a praia.
Ponte sobre o rio Lungué-bungo |
Tratamento das fotos cedidas por M Pimenta: F Santos
F.
Santos - Memórias de Angola
quarta-feira, 4 de abril de 2012
quarta-feira, 4 de abril de 2012
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