Como sempre,
quando caçávamos, estava na primeira linha, nunca perdia uma
oportunidade de participar numa caçada.
Partimos do
Canage, com um Unimog e um jipe (designado na gíria por cabra), em direção a
uma planície frequentada por Gnus (conhecidos por bois/cavalos). Nessa planície
encontramos uma manada num bebedouro, que se pôs em fuga ao aperceber-se da
nossa presença, perseguimo-la com o jipe, e, pouco depois perdemos o contato
com o Unimog, continuamos a perseguição, mas o terreno era ondulado e o jipe
saltava com alguma violência, o que provocou o rompimento da lona dos assentos
traseiros, onde ia sentado com o guia; na impossibilidade de continuar a
perseguição, devido aos impactos com os ferros, pedi ao condutor, o J Inês,
para parar a viatura, apeei-me, e fiquei junto duma moita, o Inês, o guia
e outro camarada que não me lembro quem seria, continuaram até
desaparecerem no horizonte (soube depois que o guia também saiu da viatura).
No princípio
não fiquei preocupado, mas com o passar do tempo, o jipe não dava sinais de
vida, não me recordo dos pensamentos que me passaram pela cabeça, mas
seguramente tive noção exata, naquela tarde, que não regressaria ao
aquartelamento, nem saberia sequer se alguma vez voltaria.
No silêncio
daquela planície, foi com grande alívio que comecei a ouvir o barulho do motor,
ainda sem ter a viatura à vista, até que comecei a ver a sua aproximação ao
local onde me encontrava, traziam um exemplar da caça, que conseguiram abater,
imagino a distância que percorreram, que nem ouvi o tiro disparado sobre o
animal. Tudo isto terá demorado mais ou menos 2 horas.
De regresso, já
na picada, reencontramos o Unimog com os restantes "caçadores" (não
me recordo o nome de todos os ocupantes, mas eram alguns dos que estão na 1ª
foto, que poderão ser identificados por outros camaradas nos comentários, que
desejamos venham a aparecer).
A memória já
não consegue registar tudo o que se passou, mas no último almoço da C. Caç.
2505, onde reencontrei o companheiro Inês, ele próprio, me disse que tinham
andado perdidos, e que chegaram a pensar que não me conseguiam encontrar,
depois de andarem às voltas, vislumbraram os sinais dos rodados do carro
marcados no chão, seguiram-nos, foi assim, que conseguiram regressar
Fotos: F.
Santos
F. Santos -
Memórias de Angola
sexta-feira, 7 de junho de 2013
sexta-feira, 7 de junho de 2013
PS. Apenas a 1ª foto diz respeito à caçada testemunhada, as outras 2, foram tiradas noutras caçadas.
Conheci toda essa zona, pois fui componente do Bat. Caç.770 C. Caç.769 secção de Transmissões. O comando estava no Zemba e minha companhia 769 no Mucondo onde chegamos a 13 de Maio de 1965 e fui integrado num pelotão comandado pelo alferes Anselmo Lazaro e aí permanecemos durante um mês onde conheci o então comandante sr. Tenente coronel Alves Pereira (Totobola), daí creio ter determinado o nome da referida ponte junto ao Dange. Angola 1965/67 . Catarino Praia
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